Eu sinto falta de você, do seu tédio
Do seu egocentrismo
Da sua falta de vontade e da sua intolerância.
Eu sinto saudade de quando você admirava os ídolos errados
De quando vivia se sentido mal por ser diferente
E de quando achava que sabia mais, mas não sabia.
Eu sinto falta da sua irritabilidade
De como chutava as coisas e socava as almofadas
De como sabia tão bem chorar em silêncio
De como sabia sufocar seus desejos
E de como as pessoas acreditavam que você realmente era tudo aquilo.
Elas só acreditavam porque eram crianças como você.
Eu sinto falta da sua arrogância instantânea, do modo como você atacava as pessoas
De como expressava sua raiva, seus vazios, suas faltas
De como você não queria ser feliz.
Eu lembro do dia que você tentou se matar
E lembro bem de como na verdade nunca teve coragem pra isso.
Eu lembro de como você se reconhecia naquelas músicas
E de como colocava tudo pra fora de uma maneira moderadamente destrutiva
Lembro de como você se afogava no próprio choro
E se revoltava com o fato de o seu pai não te amar.
Eu me recordo daquelas cartas tristes que você escrevia a você mesma, aos seus alter egos falsos, àquelas pessoas que nunca chegariam a ser destinatários.
Eu lembro de como a tristeza é um vício.
E de como é ondular entre realidade e o próprio mundo e não saber.
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